sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

As Prisões





Na vida ou num sonho
meio sem saber se dormia
ou se a realidade
me afagava com sua crueza
vi um homem deitado na masmorra.
Ano após ano
escava o chão com as unhas.
Saiu de seu útero prisão
para descobrir-se preso a uma ilha.
Numa terra sem árvores
colheu todos os juncos
para fazer um barco
que por milagre
chegou ao continente.
Mas lá descobriu um povo
que falava outra língua.
Nessa sua solidão acompanhada
queria saber de alguém que falasse com ele.
Descobriu então um prisioneiro
que também viera de outra masmorra
foragido de outra ilha.
Falavam o idioma da ausência
o Esperanto de todos
que um dia a vida aprisionou.
Juntos quiseram buscar seu país
e descobriram então que o mundo
era uma prisão...
a terceira pedrinha orbitando
uma estrela carcereira...

Dependendo de como olhamos as coisas
podemos ser livres dentro de um cárcere
ou estarmos presos senhores do mundo.
Quando acordo do sonho
ou durmo ancho de realidade
quando pego-me acorrentado
às cadeias da vida
condenado a dúvida de existir
sei que a minha liberdade

é uma molécula agitada
perdida em tanto cosmo.
Preso...porém em doce movimento
Acorrentado...mas livre caminhante!

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